terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Expectativa de corte de juros nos EUA alivia mercados

São Paulo – No dia em que o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, completa 40 anos e ganho real acumulado de 3.540% (deflacionado pelo IGP-DI), os mercados seguem um pouco mais aliviados depois da valorização de ontem e da expectativa de um corte de até 0,50 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos. A reunião do Federal Reserve
(Fed, o banco central norte-americano) tem início hoje e se encerra amanhã. Os principais mercados internacionais seguem em alta esta manhã.

"Embora o "Efeito Recessão" dos EUA, aparentemente, não tenha sido inteiramente precificado, no momento, as sinalizações mostram tendências ascendentes para os índices dos mercados bursáteis, mesmo que sejam apenas de curto prazo e com boa dose de volatilidade, visto que a agenda norte-americana está carregada esta semana", afirma, um analista financeiro .

De acordo com um corretora apesar da melhoria de performance das bolsas americanas, diversos indicadores econômicos continuam a apresentar uma evidente desaceleração. "No front internacional, para esta terça-feira, merecem especial atenção os pedidos de bens duráveis e a confiança do consumidor", afirma.

O Departamento do Comércio norte-americano informa os pedidos de bens duráveis em dezembro às 11h30. Analistas acreditam numa alta de 2%, depois do indicador ter recuado 0,1% no mês anterior. Já a confiança do consumidor será anunciada às 13h pelo Conference Board. Há expectativa de uma queda na leitura para 87, após o indicador ter ficado em 88,6 em dezembro. Além disso, está prevista para as 11h55, a divulgação do LJR Redbook, com o resultado de sua pesquisa semanal sobre as vendas no varejo nos Estados Unidos.

Em sua fala ontem à noite, o presidente norte-americano, George W. Bush, afirmou que a população deve ter confiança no futuro da economia do país no longo prazo. O presidente pediu ao Congresso que aprove imediatamente o pacote de estímulo econômico de US$ 145 bilhões anunciado na semana passada. Bush reconheceu que o país está atravessando um período de incerteza na economia e de desaceleração no crescimento.

Este foi o seu último discurso do Estado da União, tradicionalmente apresentado ao Congresso no fim de janeiro. Bush ainda comentou que o aumento das tropas norte-americanas no Iraque está dando resultado e voltou a dizer que o Irã deve suspender o seu apoio ao terrorismo no exterior e também o seu programa de enriquecimento de urânio, deixando claras suas intenções. O presidente dos EUA reafirmou sua intenção de garantir um acordo de paz entre Israel e palestinos até o fim do ano e falou sobre a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

No Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga às 11h, em Brasília, a Sondagem Industrial do quarto trimestre de 2007. A pesquisa traz as expectativas do setor industrial para os próximos seis meses, a avaliação do trimestre anterior e os principais problemas apontados pelos empresários do setor.

Entre as notícias de empresas, destaque para a Gol Linhas Aéreas Inteligentes. O Conselho de Administração da companhia autorizou um programa de recompra de ações e aprovou a política de dividendos para 2008. A proposta é implementar um programa de recompra de ações preferenciais de até 5 milhões de ações, equivalentes a 8,8% dos papéis em circulação. O objetivo é a aquisição de ações preferenciais para manutenção em tesouraria e posterior alienação ou cancelamento, sem redução do capital social. O prazo máximo para a realização da operação é de 365 dias, contados a partir de ontem. De acordo com a Gol, essa iniciativa visa à criação de valor, em razão do desconto atual das ações da companhia no mercado.

Também foi aprovada a distribuição de dividendos intercalares trimestrais, no valor de R$ 0,18, por ação ordinária e preferencial da companhia durante o exercício de 2008. Independente do valor fixado, fica assegurado o pagamento mínimo de 25% do lucro líquido do exercício aos acionistas, sendo certo que, caso que seja necessário, a GOL ao final do exercício promoverá o pagamento de dividendos complementares. Ontem, as ações da companhia (GOLL4) subiram 0,63% e encerraram o dia cotadas a R$ 33,36.

As turbulências do mercado de capitais continua atrapalhando os planos de emissões de ações de algumas empresas. A Ideiasnet comunicou ao mercado que protocolou junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido de cancelamento do registro de distribuição pública de ações ordinárias de emissão da companhia.

No último dia 17, a Ideiasnet havia pedido a interrupção do protocolo por até 60 dias. Seriam distribuídas 40 milhões novas ações ordinárias de sua emissão. Os novos papéis tinham início previsto para dia 1 de fevereiro no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), sob o código IDNT3. A companhia anunciou um dia antes o seu ingresso no Novo Mercado da bolsa paulista, o mais alto nível de governança corporativa. Os coordenadores da oferta eram os bancos J.P. Morgan e Unibanco. Ontem, os papéis da companhia (IDNT3) ganharam 4,6%, e encerraram o dia sob preço de R$ 5,80.

Já a Nutriplant, empresa do setor de fertilizantes e herbicidas, anunciou alteração no cronograma de emissão de 2.070.100 novas ações, divulgado em 14 de janeiro. Segundo a companhia, a decisão é estratégica e tem por objetivo estender o prazo do procedimento de coleta de intenções de investimento do mercado.

A Nutriplant será a primeira empresa a transacionar ações no Bovespa Mais da Bolsa de Valores de São Paulo e teve a estréia das negociações com os papéis adiada de 30 de janeiro para 13 de fevereiro, sob o código NUTR3M. O preço sugerido por ação pelo coordenador da oferta, banco HSBC, ficou entre R$ 14 e R$ 18. A nova data para a fixação do preço por ação é 11 de fevereiro, quando também encerra o período de reserva.

A edição de hoje de um grande jornal dá novamente destaque à possível aquisição da companhia anglo-suíça Xstrata pela Vale. Reportagem destaca a declaração, ontem, de Lázaro Mello Brandão, presidente do conselho de administração do Bradesco e da Bradespar, uma das controladoras da Vale, de que a companhia foi "credenciada pelo conselho a olhar a operação".

Os controladores da Vale poderão se reunir esta semana para "bater o martelo" e emitirem seu parecer sobre o gigantesco negócio, que pode ficar entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões.

Já está confirmado que a negociação entre a Vale e um consórcio de mais de dez bancos liderados pelo HSBC e o Santander para garantia de um empréstimo de US$ 50 bilhões. O diretor financeiro da Vale, Fabio Barbosa, esteve na última semana no Reino Unido para acertar este financiamento. Para anunciar o apoio à Vale, segundo o Valor, os bancos estariam esperando os mercados se acalmarem. A Xstrata está avaliada entre US$ 80 bilhões e US$ 90 bilhões. No pregão de ontem, as ações preferenciais classe A da Vale (VALE5) subiram 0,69%, cotadas a R$ 44.


Mercados internacionais


Nos Estados Unidos, os mercados futuros operam em elevação. O futuro do Nasdaq, com vencimento em março de 2008, tinha ganhos de 0,31%, aos 1.816 pontos, enquanto o futuro do S&P 500, com vencimento no mesmo mês, aumentava 0,46%, aos 1.360,90 pontos.

Na Europa, os principais mercados também apresentam ganhos. O índice FTSE 100 da Bolsa de Londres subia 1,16%, aos 5.856,4 pontos. Já o DAX 30 da Bolsa de Frankfurt registrava apreciação de 1,34%, aos 6.910,9 pontos, enquanto o CAC 40 da Bolsa de Paris aumentava 1,80%, para 4.935,8 pontos.

Nesta terça-feira, as bolsas asiáticas fecharam em alta, com expectativas sobre o corte da taxa básica de juros nos Estados Unidos. No Japão, a alta foi de 2,99%, com o índice Nikkei 225 encerrando as negociações aos 13.478,90 pontos. O índice Hang Seng, da bolsa de valores de Hong Kong, subiu 0,99%, para 24.291,80 pontos, e o Kospi, em Seul, teve valorização de 0,66%, aos 1.637,91 pontos. Na Bolsa da China, o índice Xangai Composite teve valorização de 0,87%,
aos 4.457,94 pontos.

Em Londres, o contrato do barril de petróleo do tipo Brent para março subia 0,74%, a US$ 92,06. Em Nova York, o WTI com vencimento em março tinha valorização de 0,65%, a US$ 91,59.

Câmbio

O contrato futuro de dólar, com vencimento em fevereiro, tinha desvalorização de 0,67%, cotado a R$ 1,772.


Juros


Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2009, negociados na BM&F, operavam em queda de 0,16%, projetando taxa de 11,89%. Já os contratos com vencimento em janeiro de 2010 tinham desvalorização de 0,07%, para 12,65%.


A inflação medida pelo Indice de Preços ao Consumidor São Paulo (IPC-SP) desacelerou pela quarta semana seguida para 0,66% na terceira quadrissemana de janeiro, ante 0,71%, registrada na quadrissemana anterior, divulgou nesta manhã a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). É o menor patamar do índice desde a última semana de novembro, quando atingiu 0,47%.

Fonte: Banco do Brasil

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